SOBRE O QUE É MEU E O SENTIDO DE PARTICULARIDADE

Tempos atrás eu me vi tendo um dia cansativo onde me envolvi com trabalho, leituras, curso, e reunião. Muitas coisas, porém para quem? Eu é quem estava embebido dessas atividades e sofri ou desfrutei delas. Entretanto, logo quando cheguei em casa me deparei com meu filho querendo brincar. Embora o tempo fosse curto entre uma atividade minha e outra atividade minha, dediquei o breve intervalo a ele.

Após, tive que parar a interação pai e filho e me debruçar nas minhas atividades. Em dado momento meu filho surgiu no quarto de estudo e lá permaneceu. Enquanto eu estudava, ele brincava e tentava interação. Na reunião, quando ele já não estava mais aguentando de tédio, preferiu mexer em muitas coisas do quarto, como por exemplo: pedaços de isopor.

No fim, quando acabei as minhas atividades eu percebi que o quarto estava cheio de farelos de isopor. Além disso, ele havia espalhado outras coisas pelo chão. Então, chamei ele para me ajudar a limpar. Um misto de querer e não saber o assombrava. Sua tentativa de ser útil esbarrava com sua incapacidade de ser eficaz na limpeza. Serei hipócrita se disser que não me chateei com a bagunça. Mas naquele momento eu me lembrei de quando estávamos no hospital enquanto ele permanecia internado devido uma complicação em sua respiração. Lá não tinha isopor para espalhar e nem isopor para limpar. Foi então que pensei: prefiro limpar isopor. Essa se tornou a nossa atividade. Depois fizemos outras coisas juntos e enfim dormimos.

Isto é, pode ser difícil viver em comunidade, em constante relação com o outro, mas é preciso. C. S. Lewis sabiamente disse no seu livro intitulado de “O grande divórcio”:

Não existem vidas particulares

Essa frase me tocou! Não é e nem pode ser sempre sobre eu. Tem que haver o momento do nós. Ser pai ou mãe não deve ser um distanciamento daquilo que está fora dessa relação filial. Por outro lado também não pode ser um distanciamento daquilo que é filial. Leia seus livros, mas leia também os livros do seu filho. Assista sua TV, mas também assista a TV do seu filho. Arrume sua casa, mas também arrume a bagunça do seu filho. Tudo isso com amor. Tudo isso seguindo a relação trina: eu, o outro e Deus. Falhar com um é falhar com todos.

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