LAVA-PÉS: A PROFUNDIDADE DO ATO DE CRISTO

Jesus sabia que o Pai havia colocado todas as coisas debaixo do seu poder, e que viera de Deus e estava voltando para Deus; assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.  Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura.

João 13.3-5

É comum nos depararmos hoje em dia com essa prática cristã em cultos e outras celebrações. Entretanto, será que é possível reconstruir nos dias atuais a profundidade que essa ação representou para os discípulos? Vejamos!

Em João capítulo 13, vemos o relato de Jesus o Cristo lavando os pés dos seus discípulos. Essa era uma atividade comum na época dos eventos da narrativa, que demonstrava uma boa hospitalidade do anfitrião. Geralmente providenciava-se além de uma bacia com água, um servo ou escravo para executar a tarefa.

Como é bem sabido, o significado do lava-pés realizado por Cristo é piedade, humildade, amor e serviço que devem ser dedicados ao outro. Podemos notar essa representação nos versos 14 a 17 desse mesmo capítulo:

Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros.

Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.

Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou.

Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem.

(João 13.14-17)

Assim, na atualidade, quando uma pessoa pratica o lava-pés em alguém, ela está demonstrando esses valores e a submissão que tem pelo outro. Quando o ato é realizado mutuamente, o significado fica mais interessante, pois demonstra a maneira como devemos nos relacionar como irmãos em Cristo, com humildade, piedade e submissão mútuas. 

Entretanto, jamais conseguiremos atingir a profundidade dessa ação nos dias atuais, considerando uma situação normal. Isso porque geralmente andamos com calçados fechados, em calçadas e ruas pavimentadas, além de tomarmos banho frequentemente. Ou seja, nossos pés sempre estão bem preservados. Vez ou outra eles podem emitir um odor não agradável. Mas, certamente eles estão longe da sujeira, lama, suor excessivo que havia em um pé humano do período de Jesus.

Não pretendo aqui menosprezar esse ato praticado hoje, mas sim evidenciar a profundidade que ele teve quando foi realizado por Jesus em seus discípulos. De início podemos perceber que era uma função executada por um servo, por vezes responsável pelas atividades que o seu senhor não gostaria de realizar. Então, Jesus se coloca nessa posição em relação aos seus discípulos. E ele não apenas discursa sobre isso, mas faz. Cristo se abaixa, tira as sandálias que envolviam os pés sujos e os lava. Talvez, para termos a dimensão disso precisaríamos imaginar o pé de um morador de rua que não tem a possibilidade de se higienizar adequadamente. Dessa forma, percebe-se que o lavar foi de verdade.

Por isso, a grande diferença percebida no lava-pés de Jesus é que houve mudança nos pés após o procedimento. A sujeira foi eliminada, o suor foi retirado. Aquilo que estava sujo tornou-se limpo. Foi um exemplo dado na prática, diante de uma necessidade real. Os discípulos precisavam ter os seus pés lavados. Jesus saciou essa carência. Depois ele disse: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” – (João 13.15). Daquele momento em diante, quando a família de Deus se reunisse, não haveria pés sujos. Em uma casa cheia de servos não pode haver pés imundos. Certamente, após aquele instante todos se encontraram limpos. Não metafórica, mas literalmente. A imundice foi aniquilada para sempre através da ação originária.

Enfim, “felizes serão se as praticarem” (João 13.17) verdadeiramente.


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