O jovem Werther, personagem do romance escrito por Johann Wolfgang von Goethe, em seu livro Die Leiden des jungen Werthers (1774), em certo diálogo com outro personagem, Albert, se envolve em um debate. A conversa que se inicia com uma básica troca de informações, logo evolui para uma discussão aparentemente infindável.

Quando Albert propõe uma conclusão, logo o jovem rebate ao dizer “no entanto, meu caro”. A conversa progride elevando o tema para um ponto de maior profundidade e abrangência. Se antes houve um discorrer sobre prudência, em determinado instante o assunto aborda a natureza humana e seus limites.

É interessante observar através desse episódio da vida do jovem Werther que nós humanos somos assim quando carregamos conosco um senso de crítica e verdade. Logicamente uma discussão tem mais chances de ocorrer quando pessoas portadoras de pensamentos opostos se encontram e dialogam. Dificilmente ambos chegarão a um ponto comum. Entretanto, isso não deve ser creditado a favor de um pensamento anti-debate.

A grande questão nisso, e que Goethe aborda de forma interessante na história, é a possibilidade de uma discussão que difere-se de guerra, pois o fim do outro não é o objetivo. Nesse debate onde a paz é a base, um dos opositores pode fazer como o jovem Werther e, após uma longa discussão, resolver: “deixo isso para outro dia”. Assim é possível se separar mesmo sem comum entendimento, mas sabendo que um plantou uma semente na mente do outro. O argumento de um, agora, terá que levar em consideração o argumento do outro.

Por fim, uma coisa é certa, como diz Werther: “Não é fácil as pessoas se entenderem neste mundo”. Realmente não é fácil. Contudo, fácil não é sinônimo de possível. O caminho até o entendimento mútuo é difícil, mas não impossível. Que não deixemos a certeza do difícil caminho paralisar os nossos pés. Somente através do diálogo, mesmo que entre opostos, conseguiremos por em prática o que Paulo nos ensina: “Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom”. (1Ts 5.20,21). Fale, mas também escute. Nem tudo o que parece ser, é. E nem tudo o que é, parece ser. Albert, Werther, eu, você, quem está certo? Só Deus pode dizer e um dia revelará. Por enquanto, vamos conversar em paz.