L’ABRI e a Hospitalidade Cristã – O legado dos Schaeffers no Brasil

Há alguns anos eu ouvi falar do L’Abri. Provavelmente por meio do Guilherme de Carvalho, esposo da Alessandra, integrantes da equipe L’Abri Brasil. Segundo o próprio site, a definição do trabalho realizado por essa organização é: “um centro de estudos que combina vida em comunidade, hospitalidade, oração e pensamento. Nossa missão é demonstrar a realidade de Deus e recuperar a riqueza da nossa humanidade, por meio de Jesus Cristo”. Apenas com essa descrição já é possível perceber a grandiosidade dessa iniciativa para as vidas que passam pelo Abrigo1. E, eu fui uma delas.

No início do mês de setembro de 2022 aconteceu o retiro L’Abri Brasil com o tema “Deus e a Conservação Ambiental”. Assim, lá estava eu, pronto para ouvir sobre um dos temas que mais tenho me apegado nos últimos meses. Entretanto, além de um importante conteúdo, pude perceber pessoalmente tudo o que a descrição acima transmite. Foi uma experiência de vida cristã real. Uma das coisas valiosas que encontrei lá, por vezes despercebida por nós cristãos, é a hospitalidade. Em uma leitura do Novo Testamento é fácil notar a necessidade dessa prática pelos cristãos.

Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade.

Romanos 12:13

Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber, alguns acolheram anjos.

Hebreus 13:2

Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação.

1 Pedro 4:9

Nesses três textos, a palavra grega que é traduzida para hospitalidade é φιλόξενος. Esse termo é composto por outras duas palavras: φίλος (philos) -> amigo; e ξένος (xenos) -> estrangeiro, convidado, estranho. Assim, diante dessa análise, podemos entender “hospitalidade” como: é o ato de tratar um estranho ou estrangeiro como um amigo. E aqui está, pra mim, a marca do L’Abri: fazer de quem chega um amigo, mesmo sem antes conhecê-lo. O cuidado com cada visitante, tratando-o como se fosse um amigo de longa data. Isso é um grande desafio para todos nós cristãos. Porque, envolve uma ação primeiramente de amor indireto, até que se torne um amor direto. É natural amarmos aquilo que conhecemos. E, por outro lado, quanto mais desconhecido algo é, menos amor ou apreço temos por ele. Dessa forma, quando falamos de hospitalidade, abordamos algo que carece do amor de Deus para a sua prática. Nós cristãos conseguimos amar um estrangeiro ou estranho mesmo sem conhecê-lo apenas porque amamos primeiramente Deus, através do próprio amor que recebemos dele (1ª João 4.19). Esse é o amor ao próximo. O amor por quem está perto, mesmo sendo um “certo homem” que “descia de Jerusalém para Jericó” (Lucas 10.25-37). Na L’Abri eu fui amado sem ser conhecido. “Esse é o ponto!2“.

Por isso, transmito aqui minha satisfação ao conhecer essa linda casa. O que anteriormente contou com a participação de Francis e Edith Schaeffer na Suiça na década de 1950, agora se faz presente também no Brasil através do Guilherme e Alessandra de Carvalho, dentre outros colaboradores(as), desde 2008. Este é o lindo amor de Deus, que chega até mesmo ao estranho, sendo realizado e estimulado pelo L’Abri. Essa é a grande lição que aprendi nesse amado lugar, ser também hospitaleiro, amar o desconhecido até que se torne conhecido.


Notas:

1 L’Abri (termo francês que significa “abrigo”)

2 Já ouvi duas pessoas usando essa expressão. Primeiramente o André Myshilin e agora o Guilherme de Carvalho.

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