UMA CARNE

“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” (Gênesis 2:24 – ACF). Essa é a primeira ordenança em relação a casamento que encontramos na Bíblia. Todavia, o erro da relação entre homens e mulheres começa quando o “uma” é desvalorizado, e a “carne” se torna a única parte restante e relevante. Ao descrever pela segunda vez a criação do ser humano, Moisés se preocupa em esclarecer o resultado da junção do homem com a mulher: uma carne. Mais tarde, conforme relato de Marcos 10, Jesus é questionado por alguns fariseus acerca do divórcio, e como resposta ele cita esse texto de Gênesis, reafirmando a ideia de “uma carne”. Se nos tornarmos um, viveremos como um.

O objetivo de um relacionamento é tornar-se dependente do outro. Mas, geralmente nos casamos obter algo contrário: a independência. Somos incentivados a querer alcançar a maior idade, trabalhar, comprar um carro, ter uma casa, tudo isso com a finalidade de sermos livres. Muitos veem o matrimônio como o caminho mais rápido para a independência. Talvez, o motivo para tantos divórcios seja justamente a dificuldade de aceitar que dependemos do outro.

Quando analisamos o cristianismo constatamos um grande apelo a dependência. Quando se casarem, sejam dependentes um do outro – uma carne. Quando participarem de uma comunidade religiosa, sociedade, de uma forma geral, sejam dependentes uns dos outros, é o que nos ensina Jesus em João 17. Esse nível de relação pressupõe respeito, amor, empatia.

Viver dessa maneira nos revela que na verdade não somos tão bons quanto achamos ser. Não somos completos, como preferimos acreditar. Direcionando a reflexão para o relacionamento entre homens e mulheres, percebemos a importância de entender que precisamos um do outro. O homem será completo quando se unir a sua mulher. A mulher será completa quando se unir ao seu homem. A união de ambos resultará em uma só carne.

Olhando para outros tipos de relações entre os sexos opostos, é necessário enxergarmos no outro o que falta em nós. Podemos ser diferentes em certos pontos, e isso é essencial para que ao nos unirmos, nos tornemos completos. Um homem, ao ver uma mulher, deve saber que ela pode ter muito a acrescentar a sua vida. Uma mulher, ao ver um homem, deve saber que ela pode ter muito a acrescentar a sua vida.

Portanto, para ser uma só carne é preciso se considerar um meio. Jesus, em sua oração já no fim de seu ministério, clamou dizendo:

E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. (João 17:20,21 – ACF)

Que tenhamos essa convicção. A partir dessa ideia, creio que olharemos com mais amor e respeito para o próximo, independente de crença, sexo, cor. Somos todos iguais e incompletos. Precisamos uns dos outros. Se pensarmos assim, daremos valor às pessoas.

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