O Pecado Dos Julgadores

“A ansiedade e a depressão são consequências de pecado e falta de fé”.

Essa é a forma como muitos religiosos definiram essas e outras doenças psiquiátricas ao decorrer de anos. Afirmações assim prosseguiram pela Igreja até que sintomas semelhantes ao dessas doenças adentraram os templos e famílias crentes de forma explícita. Em outros momentos, suicídios ou tentativas começaram a se tornar recorrentes. Entretanto, como se sabe, elas não são frutos de pecado. Nem tão pouco de falta de fé. Afinal, todos pecamos (Rm 3.23). Dessa forma, se há pecado nesses casos, ele mora na soberba.

Certa vez, conforme relato em Lucas 9.46-48, os discípulos de Jesus discutiam entre si a fim de saberem quem era o maior. O Mestre, vendo o pensamento do coração de seus seguidores e usando como exemplo uma criança, disse: “porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo será grande” – Lucas 9.48. Assim, a mensagem de Cristo se debruçava em humildade, abnegação. Da mesma forma, Paulo em sua carta aos Filipenses, no capítulo 2 e versículo 7, ao descrever a pessoa de Jesus, disse: “Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. O verdadeiro amor que Jesus pregou não era uma reação ou resposta, mas uma ação.

Também muitos outros atos de amor foram vistos no ministério de Jesus. Ele se aproximava dos excluídos socialmente, abraçava os rejeitados, conversava com pecadores. Cristo não olhava somente o pecado, mas uma vida que poderia se arrepender. Em Marcos 2.17, seu público-alvo é declarado: “Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento”. Ou seja, a cosmovisão de Cristo o levava a enxergar a importância de cada vida. Se o amor é referente a dar, para amar é preciso estar perto de quem tem necessidades.

Dessa forma, retornando a frase inicial desse texto, vê-se o grande mal humano. A soberba, já citada anteriormente, é a raiz dos pecados relacionais. Ela foi desejada no princípio de todas as coisas e até os dias atuais permanece no centro da maldade. Assim, ao perceber pessoas depressivas e ansiosas, ou detentoras de algum outro tipo de enfermidade, só há uma opção cristã: se aproximar, cuidar e amar. É próximo a essas pessoas que o cristão deve estar, e não junto aos sãos. A luz só brilha com verdadeira intensidade na escuridão. Um salão repleto de dezenas de lâmpadas não percebe a ausência de umas poucas. E, mais uma lâmpada nesse mesmo salão não o fará tão mais claro. Porém, se apenas uma lâmpada estiver em um salão inicialmente escuro, ela fará uma diferença verdadeira.

Por fim, a verdadeira consequência de pecado e falta de fé é a morte. Por conseguinte, mais uma vez Paulo, escrevendo aos romanos, disse: “Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” – Romanos 6.22,23. Logo, para todos aqueles enfermos, cansados e oprimidos só existe um alívio: Jesus Cristo, o Senhor. Apenas apresentando esse Caminho as pessoas alcançarão a vida eterna.

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