As Redes Sociais e a Realidade

Em meados dos anos 90 iniciava-se no mundo o que alcançaria futuramente proporções colossais: as redes sociais. Após, a partir dos anos 2000 a ideia começou a ganhar mais adeptos e vários projetos iniciaram suas atividades como Myspace (2003), Facebook (2004), Orkut (2004), Twitter (2005), Instagram (2010). Quanto mais passava-se os anos, mais pessoas criavam suas contas expondo perfis virtuais e ingressando numa nova forma de comunicação. Entretanto, essas ferramentas passaram a não apenas facilitar a troca de mensagens e conteúdo digital, mas também a influenciar diretamente a vida dos seus usuários através da apresentação de um mundo virtual que tem se tornado tão importante ou mais que o real.

Em 2014 uma dissertação de mestrado intitulada de O Impacto do Uso de Mídias Digitais na Qualidade de Vida de Adolescentes foi apresentada por Fernanda Davidoff ao Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) – Campus Guarulhos. Esse trabalho, orientado pela doutora Denise De Micheli, apresentou resultados de uma pesquisa realizada com 264 jovens entre 13 e 17 anos, identificando a influência das redes sociais na vida deles. Dentre os resultados foi possível perceber que 82% dos estudantes pesquisados preocupavam-se com os acontecimentos nas redes sociais enquanto eles estavam fora delas; 65% resistiam ao sono ou dormiam menos a fim de permanecerem imersos nessas redes; 45% sentiam alívio no dia a dia devido sua conectividade; 30% diziam sentir menos ansiedade; e 23% afirmavam se sentir menos sozinhos.

Assim, apesar da notável observância de uma positividade na vida de parte dos participantes, os pontos negativos percebidos geram além de outras reações, impulsividade. Esse comportamento proporciona uma geração ansiosa, precipitada, dissimulada, reproduzindo diversas condutas negativas no relacionamento intrapessoal e nos interpessoais. Dessa forma, quando a vida virtual se torna mais interessante que a real ela ganha naturalmente uma evidência. Como consequência a vida real passa a ocupar um grau inferior nas prioridades do indivíduo. Sua satisfação passa a se firmar no irreal, usando o real apenas como caminho para os interesses do mundo virtual. Exemplificando, temos o comportamento desenvolvido em viagens e passeios. Muitas vezes nesses eventos o registro, divulgação e sucesso daquele conteúdo digital produzido torna-se a pretensão principal.

Contudo, em um mundo cada vez mais internauta é praticamente impossível se abster de tal envolvimento. Bem como, não existe necessidade nem é prudente tomar tal decisão. O importante é valorizar a realidade e usar o virtual não como fim, mas como meio. As novas gerações precisam enxergar a realidade e se relacionar com ela, pois isso é viver. O mundo real é vivo, capaz de proporcionar experiências boas e más. Já o mundo virtual procura apresentar apenas o lado bom e uma suposta perfeição de vida, que não é real, gerando assim grande decepção à pessoa que crê nessa proposta ilusória. Portanto, no mundo real “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” – Eclesiastes 3.1. Quando a vida é o fim, ela recebe o valor devido. Abrir mão dessa verdade é fechar-se para o que realmente importa: a vida. Apenas vivendo a realidade é possível compartilhar o amor de Cristo e cumprir a missão dada por Ele. Que as redes sociais permaneçam apenas como ferramentas de colaboração para com a realidade.

REFERÊNCIA:

CRUZ, Fernanda Alves Davidoff. O impacto do uso de mídias digitais na qualidade de vida de adolescentes. 2014. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2014;

https://www.unifesp.br/edicao-atual-entreteses/item/2208-jovens-desenvolvem-dependencia-de-redes-virtuais;

https://www.infoescola.com/sociedade/redes-sociais-2/#:~:text=A%20primeira%20rede%20social%20surgiu,de%20conectar%20estudantes%20da%20faculdade.

 

Deixe um comentário